sábado, 31 de julho de 2010

Lady Gaga e o sucesso de gestão de imagem

Misturas de referências, exploração de informações distintas, fragmentação e a reprodutividade instantânea da imagem na internet são os ingredientes da fórmula de sucesso de Lady Gaga.


Por Marcellus Nishimoto



O bem sucedido processo de gestão de imagem de Lady Gaga não está centrado na habilidade de criação de estridentes visuais ou de controversas declarações. Manifesta-se na original capacidade de criar vontade de ação em seus apreciadores mais entusiasmados. Ou seja, o desejo de vivenciarem, pessoalmente, as imagens hiperbólicas da cantora. Eles reproduzem desde as roupas performáticas apresentadas por ela, os clipes com múltiplos fragmentos da cultura pop ao comportamento teatralizado nos ambientes públicos. A teia de referências é tamanha que a House of Gaga – o coletivo de mais de 100 pessoas responsável por estudar, idealizar e construir as imagens da cantora – consegue estabelecer, em algum momento, um ponto de contato com a memória visual e afetiva de cada espectador. A performance racionalmente heterodoxa de Gaga quebra alguns tabus de comportamento e incentiva os fãs a vivenciar uma exposição instantânea, em escala global, nas comunidades sociais como o Youtube. Ai mora o grande trunfo. Seus admiradores, munidos da tecnologia atual e no processo de reprise doméstica da artista, são a parte ativa e mais significativa na manutenção contínua da persona de Lady Gaga. Os vídeos caseiros – alguns bem produzidos –, em paródia ou admiração se multiplicam exponencialmente e são assistidos por milhões de pessoas, tornando os novos avatares de Gaga em celebridades imediatas.


As músicas são, por obviedade, o ponto inicial de contato da cantora. Suas composições são soluções aprendidas do repertório pop, sem pretensas vontades. Mas também são construídas no mesmo método das imagens: com multi-citações do passado recente em cruzamento estético dançante. A última música de trabalho da cantora, Alejandro, possui a batida que relembra instantaneamente o som do sueco Ace of Base, grupo dance de sucesso nos anos 90. O clipe da composição revisita a diva declarada da artista, Madonna, tanto nos apelos coreográficos quanto nos figurinos assinados, agora, por Giorgio Armani. Os vídeos das músicas Vogue e Express Yourself, ambos de Madonna, e o estilista Jean Paul Gaultier são parodiados como se Lady Gaga fosse, também, um avatar da rainha do pop. Uma Gaga em comportamento auto-apreciativo semelhante aos seus fãs digitais.


Ao criar esse caldeirão de referências, Lady Gaga valida e toma a dianteira na conveniência de se fantasiar e viver a personagem do homenageado, ou vários. Madonna sempre se preocupou em criar tendências quando elas eram ainda sistematicamente ditadas pela elite. Misturou-as com as ruas, definiu comportamentos, serviu de canal para a legitimação da multiplicidade de gêneros e sexualidades. Foi a precursora do chamado marketing pessoal, alimentando a mídia de acordo com as suas necessidades. E se valeu de um staff de colaboradores em sintonia com as tendências apontadas como emergentes. A originalidade e superação de Lady Gaga está na reprise fragmentada e plural de espíritos anteriores, na mudança radical e quase imediata de sua imagem e no entendimento absoluto do discurso pop de Andy Warhol: "todos terão seus 15 minutos de fama"; ou, no caso, 9:59 minutos, o tempo máximo de um vídeo no Youtube.


PS: O Youtube anuciou (28-07-10) que acaba de aumentar o tempo de upload dos vídeos para 15 minutos. Andy Warhol era um profeta.

Números de Lady Gaga Corp.
© Época Negócios

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Design Thinking ou design sob medida

Uma nova metodologia de se fazer design está alterando, e muito, o mundo dos negócios. O consumidor é, agora, o foco mais importante na idealização e concretização do produto. O objeto ou serviço gerado é a consequência.


Ideo Design
Por Ivan Padilla


O design thinking, criado pela empresa IDEO, há seis anos, é uma ferramenta que ajuda a empresa a pensar com a cabeça do consumidor. As aspirações do cliente são, então, decifradas e traduzidas em um objeto inovador, único. É como um design sob medida, não apenas pelo compromisso com a estética, mas, principalmente, pela funcionalidade. A essência desse processo de criação está em formular as perguntas certas. Para quem é esse produto? Quais são os concorrentes? Que hábitos e necessidades podemos identificar nas pessoas para diferenciar o portfólio? Todas essas questões podem ser resumidas em uma só sentença: de que produto as pessoas precisam? As respostas ajudarão os fabricantes a elaborarem uma estratégia eficaz de produção, distribuição e venda. O resultado deve seguir três requisitos. Precisa ser desejável, tecnicamente possível e mercadologicamente viável.
Os consumidores podem apontar suas necessidades, mas geralmente não têm a capacidade de imaginar o futuro. Esse desafio foi percebido há tempos pelos empresários. “Se eu tivesse perguntado o que os clientes queriam”, disse Henry Ford, inventor da linha de montagem industrial e da era do consumo de massa, “eles teriam escolhido um cavalo mais rápido.” No início do século passado, quando as cidades começavam a se expandir, as pessoas perceberam a necessidade de um meio de transporte mais veloz. Mas não tinham meios para chegar a uma solução inovadora.


Quatro passos para identificar as necessidades de se oferecer novos produtos


1º Apontar o problema. É a fase mais importante. A observação vai dizer do que as pessoas precisam, e não o que elas dizem que precisam. A pesquisa envolve necessariamente imersão no ambiente;
2º Considerar múltiplas perspectivas. O problema deve ser olhado de vários ângulos. Montar um time de profissionais é essencial. Mesmo que uma solução pareça óbvia, é preciso considerar outras variáveis;
3º Testar todas as opções. Qualquer possibilidade deve ser colocada à prova, por menos promissora que pareça. Muitas pequenas ideias podem ser combinadas até que se alcance um plano completo de ação;
4º Executar a melhor ideia. Os testes nessa última fase ficam mais críticos e intensos. Protótipos de soluções são criados. No final, o problema levantado no primeiro momento deve ser solucionado.
 
Saiba+ Design Thinking
O que é design thinking?
www.ideo.com/thinking

Designer como estrategista

Por Marcellus Nishimoto

Olá!


Bem vindo ao nosso blog!


Depois de tanto tempo trabalhando com design e marcas, sentimos que já estava na hora de compartilharmos nossas experiências, reflexões e pontos de vista sobre esses dois universos.


Atualmente, a criação e as estratégias para a formação de uma marca sólida e duradoura, no mercado e na mente das pessoas, mudaram seu foco radicalmente. Antes, uma empresa centrada somente em lucros e voltada aos interesses de investidores deve, hoje, olhar diretamente para seus consumidores e escutá-los. E humanizar os processos de gestão e produção.


Não basta criar novos produtos, ações promocionais e discursos de persuasão se estes não estiverem alinhados a uma imagem coerente e identidade responsável. Difícil não é fazer a primeira venda. Complicado é manter-se no mercado e gerar reputação positiva frente aos consumidores, fornecedores, parceiros, colaboradores, a sociedade como um todo.


A cadeia produtiva é obrigada a se adaptar as novas necessidades contemporâneas. Os recursos vistos como infindáveis, desde antes da Revolução Industrial, têm dias contados. Segundo um estudo feito, em 2007, por Armir Reller, químico alemão especializado em materiais da Universidade de Augsburg, metais importantes teriam uma estimativa de tempo de exploração até a finalização de suas reservas mundiais caso continuassem a ser consumidos nos ritmos de hoje. Metais como o índio, usado na fabricação de telas de TV, durariam 13 anos. A prata, 29 anos e o zinco, 46 anos.


Resumindo-se, as antigas e novas empresas precisam pensar de maneira sustentável e sócio-responsável ao dar seus passos no mercado. E não usar estes valores como simples discursos do momento. O consumidor quer provas reais disso.


Outro aspecto importante na construção de marcas é o entendimento total de como é, funciona e age a empresa. Quais são as metas, os princípios e valores da corporação. E qual a visão de futuro do empreendimento. Parece lógico, mas este exercício de consciência corporativa, seja em pequenas ou mega-empresas, não é tão comumente trabalhado. E perante esta realidade, a função do designer como mero criador de imagens se desdobra em observador, intérprete e orientador da concepção da identidade da marca. Coleta-se mais informações e instruções sobre a marca/empresa do que invenções de imagens a serem propostas para a verdadeira personalidade da marca.


O designer atual deve ser, além de um excelente conhecedor técnico de suas ferramentas – em pleno exercício da imaginação –, um estrategista com olhar multifocal, ouvidos atentos ao cliente e à sociedade e ter o homem como parte de um todo maior. Em harmonia, equilíbrio e na conquista do bem-estar.


E iniciemos a nova jornada!


Um abraço e até mais!

Saiba+ Earth's natural wealth: an audit

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O impacto do design no desempenho das empresas

Ernesto Harsi
Diretor de Relações Institucionais
ADP - Associação dos Designers de Produto

Luminária Bossa
Premio design museu da casa brasileira 2005 - 1 lugar
Tanto a ADP, como o PBD, tinham a intenção de medir o que o design representa de fato e de forma concreta nos resultados das empresas que o utilizam profissionalmente. Historicamente os designers e consultores empresariais sempre disseram que o design, dentro de um processo de inovação, era um fator importante para o desenvolvimento de uma empresa e seu sucesso. Mas, sem algum depoimento ou dado concreto e mensurável essa afirmação ficava sempre no campo da “pregação” feita pelos próprios interessados em fazer o design, sem nenhuma força de convencimento. A razão disso é que ainda mal conseguimos suplantar a barreira de se considerar o design como algo cosmético, superficial, e talvez amador, dentro das empresas. Surgiu desta constatação a necessidade de se buscar números em primeiro lugar, e conseguir isso a partir do depoimento dos próprios empresários ou gerentes de desenvolvimento das empresas.


É preciso ressaltar que não existem mecanismos estatisticamente precisos desenvolvidos para medir esse impacto em nenhuma parte do mundo. Existem apenas exemplos de metodologias testadas por outros países como Reino Unido e Dinamarca, que foram os pioneiros nesse tipo de levantamento e que nos serviram de roteiro. É extremamente difícil separar resultados do design desligados de outros investimentos como propaganda, novos equipamentos, estratégias de marketing e de vendas. Procuramos, portanto, ouvir diretamente a opinião dos empresários que podiam falar de sua percepção dos resultados obtidos.

Saiba+ O impacto do design no desempenho das empresas
http://www.adp.org.br/
www.lumini.com.br

O poder do design

Jovens criam ONG que ajuda a transformar moradores de comunidades carentes em fabricantes de produtos com muito estilo
Por Karla Spotorno

A paraibana Francisca Oliveira tem um problema. Mas ele pode ser considerado um bom problema. Francisca trabalha como costureira em um pequeno empreendimento e lida com a dificuldade de não ter um chefe ou regras preestabelecidas a seguir. Aos 42 anos, costura bolsas, cestos, porta-lápis, estojos e acessórios usando lona plástica reaproveitada de banners. Os produtos levam a marca Cardume de Mães, grupo formado há cerca de quatro anos na periferia de São Paulo e que hoje vende para lojas como as da rede Tok&Stok e para empresas à procura de brindes e material de escritório. Francisca está começando seu próprio negócio.
Isso só foi possível porque conheceu a ONG Design Possível num centro comunitário de Campo Limpo, bairro da Zona Sul de São Paulo, onde mora. Criada por dois professores, em 2004, como um projeto de extensão das universidades Mackenzie, no Brasil, e de Firenze, na Itália, a ONG nasceu com o objetivo de aprimorar o design de peças produzidas por grupos de trabalho na periferia paulistana. Com um desenho mais atual e moderno, acreditam os fundadores da ONG, os produtos ganham maior apelo comercial, o que contribui para a geração de renda e a integração social das pessoas desempregadas dessas comunidades.

Saiba+ O poder do design
www.designpossivel.org

Sound Branding (marca sonora)



Cada vez mais as empresas precisam ampliar seus pontos de contato com o público ou seus stakeholders. A marca precisa ser transmitida em vários contextos e alcançar os vários órgãos dos sentidos, criando novas experiências. O sound branding ou o "marca sonora" é uma ferramenta que amplia a individualização da marca e reforça a personalidade da empresa.
Uma imagem fala por mil palavras e um som se fixa direto na memória.
Este vídeo em inglês fala da importância de uma boa estratégia de sound branding. E das empresas que o utilizam de maneira eficiente.
Aproveitem!