sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Digressão sobre a questão Marca Rio 2016...

Discussões sobre a marca Rio 2016 e a relevância da originalidade no design contemporâneo. 


Por Marcellus Nishimoto
Marcas e semelhanças estruturais.


Refletindo sobre a utilização da referência visual de outros, a sabedoria gerada a partir do estudo de modelos anteriores pode se configurar, sim, em plágio quando existe a intenção de fato da concorrência em se apropriar da idéia alheia. Ainda vivemos uma complicada definição jurídica do que seria a segurança sobre propriedade intelectual no campo do design. Até os Estados Unidos têm problemas sérios sobre como assegurar direitos de copyright e propriedade intelectual para tipógrafos e designer de moda, só para citar alguns exemplos...

A discussão sobre marca para Rio 2016 é um reflexo do grande dilúvio de imagens que a internet propiciou para todos os mercados. O computador oferece, sim, a possibilidade democrática de qualquer um gerar e publicar imagens. O acesso à informação é pleno e a necessidade de exposição visual nunca encontrou até a nossa contemporaneidade um meio tão excelente e instantâneo para tal. Estratégias de inúmeras empresas na busca de notoriedade e originalidade elas apresentam ininterruptamente imagens que constroem sua identidade e lançam as bases de sua marca e formação de reputação.

Os exemplos que colhi são somente imagens ilustrativas da consequente necessidade das instituições em afirmar uma pessoa jurídica em forma de imagem. A logomarca é a visualização personalizada de conceitos, produtos e setores que antes não necessitavam da despersonificação do indivíduo para a sobrevivência em mercados. Marcas são modelos do tempo, fazem parte de uma época, e determinadas épocas tendem a uma unidade estética. Seja ela sob a influência da tecnologia, economia ou cultura. Não seria diferente no caso da marca Rio-2016.

É a oportunidade de apresentar não só um Rio desenvolvido, alinhado as tendências da contemporaneidade, mas identificar um Brasil ansioso de pertencer a um mercado de consumo privilegiado e capaz de mostrar ao mundo sua capacidade de vender design e serviço contemporâneo de excelência.

As semelhanças da marca Rio-2016 com outras são reflexos da comoditização (padronização) do design, não como elemento prejudicial, mas por pura impossibilidade estrutural de ser completamente original. As imagens nascem e se reproduzem de forma viral, em progressão geométrica. Sempre haverá pontos de contato e semelhanças entre um e outro. E aí se torna necessário o desenvolvimento das estratégias originais de Branding. Neste ponto a marca será a matriz que a partir dela nascerá todas estratégias e pontos de contato com o individuo, a sociedade e as organizações. Neste momento que se inicia a individualização fundamental da marca.

Preocupo-me mais com o desdobramento conceitual da marca em seu pontos de contato. A identidade visual aplicada, as escolhas de formas e cores, tipografias, design do ambiente, experiências com o indivíduos... Isso sim será a definitiva percepção da força da marca: quais serão seus filhos legítimos e como eles se comportarão nos meios públicos. Temos o Pão de Açúcar, temos o Corcovado, o Cristo Redentor, o calçadão de Copacabana e Ipanema, mas o quanto eles refletem a imagem contemporânea de modernidade e saudosismo confortante para um país tão carente de memória ou preservação da sua recente história? É uma situação delicada... Conciliar teorias contemporâneas de design, enfrentar a tênue linha entre o literal e o caricato das nossas imagens e responder não só a identidade brasileira, mas conquistar o desejo do mundo.

Marcas são acima de tudo conceitos. Mas que conceitos vamos passar daqui a 5 anos?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O líder em xeque

Um novo livro revela a influência dos líderes sobre a saúde física e mental dos subordinados, questiona a agressividade associada ao poder e alerta: até os melhores precisam estar atentos para não se transformarem em chefiotas

Por Alexandre Teixeira  

Você provavelmente já suspeitava, mas agora é um acadêmico consagrado, autor de um best-seller de administração, quem afirma: ter um chefe bom diminui seu risco de ter um ataque cardíaco. Pesquisas publicadas nos últimos dois ou três anos oferecem sólidas evidências. Uma das mais impressionantes, realizada na Suécia, é fruto do acompanhamento de 3.122 profissionais por dez anos. Os resultados são inequívocos. Trabalhadores liderados pelos melhores chefes – homens e mulheres capazes de demonstrar consideração e empatia, de definir objetivos claros e de implementar mudanças de modo humano – sofreram menos infartos ao longo de uma década que seus pares menos afortunados. Um bom líder representa um risco ao menos 20% inferior de problemas cardíacos graves ao longo de 365 dias. Permanecer sob o comando de alguém assim por quatro anos é ainda melhor para a saúde – diminui a probabilidade de infarto em 39%.
Por outro lado, chefes despóticos e irascíveis, conhecidos monstros do ambiente corporativo, deixam as pessoas doentes. Literalmente. Seu impacto negativo sobre a saúde de funcionários está bem documentado em estudos europeus sobre doenças cardíacas. O acompanhamento de 804 operários finlandeses, por exemplo, mostra que aqueles que relataram tratamento injusto pelos superiores morreram mais de distúrbios no coração. O resultado é semelhante ao que surgiu em uma pesquisa com 6 mil funcionários públicos britânicos.
Naturalmente, esse comportamento letal no ambiente de trabalho cobra um custo pesado das organizações. A Zogby, uma consultoria global de pesquisas, estima que o assédio moral já expulsou mais de 20 milhões de americanos de seus empregos. Os que resistem se sentem menos comprometidos com o trabalho, são menos criativos e esforçados, persistem menos em tarefas difíceis e faltam mais. Um estudo em 265 restaurantes de fast-food nos Estados Unidos analisou o impacto de gerentes abusivos sobre os resultados. Constatou-se uma relação direta entre maus-tratos a subordinados e níveis maiores de desperdício de alimentos. Na melhor das hipóteses, empregados humilhados utilizam os ingredientes de modo ineficiente. Na pior, roubam ou jogam fora o que deveriam cozinhar. Assim, o cálculo do custo total de manter um troglodita no comando deveria incluir itens como tratamento de saúde para suas vítimas, perda de produtividade, furtos, erros de procedimento, alta rotatividade do pessoal e gastos com relações-públicas e advogados. Uma empresa de software, nos Estados Unidos, levou a conta a sério e chegou à conclusão de que um único gerente de vendas destrutivo lhe custava US$ 160 mil por ano.
Goste-se ou não, esse tipo de responsabilidade é parte do pacote de “benefícios” dos cargos de liderança. “Os chefes determinam a maneira como as pessoas passam seus dias e se elas sentem alegria ou desespero, trabalham bem ou mal, são doentes ou saudáveis”, afirma o acadêmico americano Robert Sutton, responsável por reunir, interpretar e divulgar essa massa de dados sobre o bem e o mal causado pelos líderes. Professor de administração de Stanford, ele se tornou conhecido como autor de Chega de Babaquice! – Como Transformar Um Inferno em Um Ambiente de Trabalho Sensacional! Seu novo livro nasceu de uma questão instigante: se você é um líder comprometido com o caminho do bem, o que pode fazer a respeito? Bom Chefe, Mau Chefe, que chega ao Brasil neste mês, é uma tentativa de resposta.

Loewe muda para ficar mais exclusiva

Marca espanhola corta pontos de venda e revê sua estratégia para conquistar o consumidor de luxo brasileiro

Por Soraia Yoshida
O perfume Aire Loco é o grande lançamento em fragrâncias femininas no Brasil
Conhecida por suas bolsas de couro e sua moda de altíssima qualidade, aLoewe quer ficar mais próxima do consumidor brasileiro de luxo. Para isso, a marca espanhola realinhou sua estratégia e aposta nos perfumes – porta de entrada para o maravilhoso mundo do consumo exclusivo – para trabalhar o segmento luxo no país.

“Nesse mercado de luxo, menos é mais”, afirma Cedric Mahe, gerente de marketing das fragrâncias Loewe para a América Latina. Na nova estratégia da marca, o “menos” se concretiza na seleção de somente 20 pontos de venda para seus produtos – em vez dos 200 selecionados pela antiga parceira, a Neutrolab. “Queremos nos concentrar em São Paulo, Rio e Brasília e divulgar nossa identidade junto ao consumidor, com uma imagem de maior qualidade e de exclusividade”.

A distribuição passa a ser feita diretamente pela LVMH, o grupo que detém as marcas Dior, Louis Vuitton, Givenchy, Guerlain, Marc Jacobs e também Loewe. “Nosso objetivo é fazer com que o consumidor brasileiro reconheça nosso perfume como um artigo especial", afirma Hector Garcia, diretor de marketing internacional dos perfumes Loewe.

A nova estratégia não deve se traduzir em aumento de vendas. De maneira discreta, Cedric Mahe diz que em algum tempo espera vender o mesmo com menos pontos de venda. “Nossa ideia não é vender tanto”, diz. A expectativa do grupo é de que até 2012 os brasileiros estejam bem familiarizados com a marca, abrindo espaço para novas etapas.

Brasil, por quê?

O reposicionamento de imagem é consequência direta do interesse que hoje não apenas a Loewe, mas outras marcas de luxo têm pelo mercado nacional. “Nunca vi um país em que se consome tanto e que goste tanto de grifes estrangeiras”, afirma Cedric Mahe. “Vi um pouco disso na Venezuela, mas no Brasil é realmente muito forte”.

“A classe média alta e emergente tem muito desejo e sensibilidade para grandes marcas”, diz Hector Garcia, diretor de marketing.

No setor de cosméticos, as diferenças se traduzem em outras particularidades. Muitas vezes, o desejo de possuir uma grife é tanto que não importa o tamanho do perfume, o que se traduz no consumo maior de frascos menores das fragrâncias – uma tendência que não se vê tanto entre consumidores europeus ou norte-americanos, por exemplo.

Em termos de vendas, as fragrâncias representam 53% do total de cosméticos do grupo LVMH. Quando se fala em mercados, a América Latina – incluindo aí o Brasil – responde por apenas 13% das vendas mundiais. Mas é um mercado em ascensão. Em 2009, as vendas de cosméticos, produtos para a pele e perfumes do grupo LVMH somaram US$ 2,741 bilhões.

O Natal representa 50% das vendas anuais de perfumes. Não à toa, é a época em que as marcas mais investem em comunicação e publicidade – dispensando mais de 80% de seu orçamento nos meses que antecedem 25 de dezembro. 

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