Por Marcellus Nishimoto
Marcas e semelhanças estruturais. |
Refletindo sobre a utilização da referência visual de outros, a sabedoria gerada a partir do estudo de modelos anteriores pode se configurar, sim, em plágio quando existe a intenção de fato da concorrência em se apropriar da idéia alheia. Ainda vivemos uma complicada definição jurídica do que seria a segurança sobre propriedade intelectual no campo do design. Até os Estados Unidos têm problemas sérios sobre como assegurar direitos de copyright e propriedade intelectual para tipógrafos e designer de moda, só para citar alguns exemplos...
A discussão sobre marca para Rio 2016 é um reflexo do grande dilúvio de imagens que a internet propiciou para todos os mercados. O computador oferece, sim, a possibilidade democrática de qualquer um gerar e publicar imagens. O acesso à informação é pleno e a necessidade de exposição visual nunca encontrou até a nossa contemporaneidade um meio tão excelente e instantâneo para tal. Estratégias de inúmeras empresas na busca de notoriedade e originalidade elas apresentam ininterruptamente imagens que constroem sua identidade e lançam as bases de sua marca e formação de reputação.
Os exemplos que colhi são somente imagens ilustrativas da consequente necessidade das instituições em afirmar uma pessoa jurídica em forma de imagem. A logomarca é a visualização personalizada de conceitos, produtos e setores que antes não necessitavam da despersonificação do indivíduo para a sobrevivência em mercados. Marcas são modelos do tempo, fazem parte de uma época, e determinadas épocas tendem a uma unidade estética. Seja ela sob a influência da tecnologia, economia ou cultura. Não seria diferente no caso da marca Rio-2016.
É a oportunidade de apresentar não só um Rio desenvolvido, alinhado as tendências da contemporaneidade, mas identificar um Brasil ansioso de pertencer a um mercado de consumo privilegiado e capaz de mostrar ao mundo sua capacidade de vender design e serviço contemporâneo de excelência.
As semelhanças da marca Rio-2016 com outras são reflexos da comoditização (padronização) do design, não como elemento prejudicial, mas por pura impossibilidade estrutural de ser completamente original. As imagens nascem e se reproduzem de forma viral, em progressão geométrica. Sempre haverá pontos de contato e semelhanças entre um e outro. E aí se torna necessário o desenvolvimento das estratégias originais de Branding. Neste ponto a marca será a matriz que a partir dela nascerá todas estratégias e pontos de contato com o individuo, a sociedade e as organizações. Neste momento que se inicia a individualização fundamental da marca.
Preocupo-me mais com o desdobramento conceitual da marca em seu pontos de contato. A identidade visual aplicada, as escolhas de formas e cores, tipografias, design do ambiente, experiências com o indivíduos... Isso sim será a definitiva percepção da força da marca: quais serão seus filhos legítimos e como eles se comportarão nos meios públicos. Temos o Pão de Açúcar, temos o Corcovado, o Cristo Redentor, o calçadão de Copacabana e Ipanema, mas o quanto eles refletem a imagem contemporânea de modernidade e saudosismo confortante para um país tão carente de memória ou preservação da sua recente história? É uma situação delicada... Conciliar teorias contemporâneas de design, enfrentar a tênue linha entre o literal e o caricato das nossas imagens e responder não só a identidade brasileira, mas conquistar o desejo do mundo.
Marcas são acima de tudo conceitos. Mas que conceitos vamos passar daqui a 5 anos?
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